Orgânicos em alta
Com a pandemia do novo Coronavírus, as vendas de produtos saudáveis, incluindo orgânicos, têm crescido nas últimas semanas em diversos canais como o varejo, comércio eletrônico e entregas em domicílio. Segundo especialistas, os cuidados com a saúde e a questão ambiental ganharam relevância no cotidiano dos consumidores.
“Ficou claro que, diante de um problema de saúde, as pessoas buscam uma alimentação mais natural e saudável. Em meio à pandemia, os consumidores optam por receber em casa alimentos orgânicos e saudáveis, pois o fato de sair de casa requer o cumprimento de restrições implantadas pelo setor público e isso tudo também está ligado ao fator medo”, afirmou a diretora da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Sylvia Wachsner.
Segundo ela, “há muitas novidades e desafios”, sobretudo para agricultores familiares e pequenos produtores.
“Muitos optaram por entregar cestas em domicilio, oferecendo listas dos produtos disponíveis, seja utilizando o WhatsApp ou as mídias sociais”, observou a especialista.
Ela reconheceu que a entrega de cestas é um serviço que está em pleno crescimento, “pois oferece mais facilidade de manejo aos produtores, mesmo atendendo a todos os parâmetros de higiene estabelecidos pelas autoridades”.
Abastecimento
Nesse cenário, Sylvia também relatou problemas no fornecimento, chamando a atenção para casos pontuais de quebras de cadeias de abastecimento, devido à suspensão das feiras livres em diversos municípios.
Segundo a diretora da SNA, com o fechamento das feiras, restaurantes e hotéis, “os produtores e distribuidores de alimentos orgânicos e saudáveis foram obrigados a se reinventar”.
O movimento das feiras livres também foi afetado pela quarentena e pela situação econômica do país.
“Os produtores foram forçados a procurar novas maneiras de escoar seus produtos, a criar novas cadeias de abastecimento e a adotar normas de higiene da produção para a distribuição e comercialização dos alimentos”, disse Sylvia.
Na cidade do Rio de Janeiro, a Prefeitura decretou, na semana passada, o fechamento das feiras por 20 dias, e quatro dias depois anunciou sua abertura, sob a condição de estritas normas sanitárias, “o que causou confusão e perdas para os produtores”, comentou a diretora da SNA.
Diálogo com o varejo
Diante desse quadro, Sylvia destacou que os produtores e suas associações estão aprendendo a dialogar com o varejo em relação a negociações de preços e termos de pagamento e a respeito das especificações de embalagens apropriadas, com inserção de códigos de barras, criação de rótulos e etiquetas para embalagens.
Comércio eletrônico
O comércio eletrônico também é outra tendência que ganha força em meio à crise. Alguns produtores estão utilizando canais administrados por pessoas que residem nas cidades, e que já possuem uma logística para entregar alimentos aos consumidores. Nesses casos, “a negociação e a preparação dos produtos para a entrega fazem parte do aprendizado”, afirmou Sylvia.
Para ela, os canais virtuais “entraram rapidamente para ficar”. Além disso, Sylvia chamou a atenção para a resiliência dos agricultores familiares e pequenos produtores que, em pouco tempo, se adaptaram à abertura de novas maneiras de comercializar produtos e às circunstâncias de diminuição do consumo.
Apoio virtual
Com relação às diretrizes de prevenção estabelecidas em virtude da pandemia, a diretora da SNA disse que tem acompanhado, principalmente nas feiras orgânicas, as normas sanitárias que protegem o produtor e os consumidores.
No caso do Rio de Janeiro, ela informou que foi criado no CPOrg/RJ (Comissão da Produção Orgânica do estado) grupos de trabalho de comercialização, comunicação e politicas públicas, que diariamente se reúnem em salas virtuais para discutir maneiras de apoiar os produtores a escoar os excedentes da produção.
Participam das reuniões entidades do setor público, privado e do terceiro setor, também para estabelecer metas relacionadas a compras estaduais e municipais de alimentos orgânicos para a merenda escolar.
“A utilização de salas virtuais garante maior divulgação nos sites e mídias sociais como forma de apoiar a comercialização dos produtos. Isso também é outro aprendizado que a pandemia trouxe”, ressaltou Sylvia.
Ela acredita que, diante da crise econômica, “os produtores estão começando a repensar sua cadeia produtiva e de abastecimento, enquanto os consumidores continuam a buscar alimentos mais regionais e saudáveis, também pautados pela sustentabilidade”.
Fonte: http://www.agronovas.com.br/alimentos-saudaveis-em-alta/